A falácia das “melhores empresas para trabalhar” — e por que a autenticidade importa mais do que os prémios

Durante anos, os rankings das “melhores empresas para trabalhar” foram o farol que guiava tanto candidatos, quanto departamentos de RH. Um selo de “great place to work” parecia significar cultura inclusiva, bem-estar garantido e propósito partilhado.

Mas como mostra o artigo da Refinery29, essa fachada muitas vezes esconde uma realidade desconectada das promessas.

O texto levanta um ponto incómodo — e necessário:

Será que esses rankings dizem mais sobre a imagem que as empresas constroem do que sobre a experiência real de quem nelas trabalha?

Os relatos são claros: empresas premiadas pela sua cultura inovadora ou clima organizacional positivo podem, na prática, sufocar vozes divergentes, exaurir talentos e manter ambientes tóxicos sob uma fina camada de verniz corporativo.

Essa diferença entre discurso e prática é exatamente o que Tracy Maylett descreve como o Expectation Gapo “gap de expectativas”. Trata-se da distância entre o que foi prometido e o que é realmente entregue ao colaborador. Quanto maior esse hiato, maior o risco de frustração, queda de produtividade e rotatividade.

E aqui está o ponto crucial: não é sobre parecer uma boa empresa para trabalhar, mas ser uma boa empresa para trabalhar — de verdade.

A autenticidade não é opcional.

Para o employer branding, a tentação de maquiar a cultura com narrativas sedutoras é grande. Vídeos com banda sonora inspiradora, slogans sobre propósito e publicações no LinkedIn celebrando conquistas podem gerar gostos, mas não mobilizam o talento interno se não forem verdadeiros.
 

Candidatos chegam com expectativas moldadas por essa comunicação. Quando a realidade é outra — quando não há espaço para crescimento, quando a liderança não escuta ou quando o bem-estar é apenas um benefício no papel — a decepção é inevitável. O colaborador sente-se enganado, e a confiança quebra-se.

Autenticidade, nesse cenário, torna-se a ponte que liga promessa à experiência. Isso exige coragem: de mostrar vulnerabilidades, de falar sobre o que ainda está em construção, de incluir colaboradores reais nas narrativas da marca empregadora.

Employer branding não é marketing. É cultura em forma de comunicação.

Construir uma employer brand forte passa por ouvir antes de comunicar. Por entender o que realmente move os colaboradores e por alinhar as mensagens externas com o que se vive internamente. Isso significa abandonar fórmulas genéricas e abraçar a complexidade real da organização — com os seus desafios, as suas pessoas e as suas histórias.

Fonte Employer Branding | Fonte Branding

O artigo da Refinery29 relembra que a “melhor empresa para trabalhar” não é aquela com os escritórios mais coloridos ou os brindes mais criativos. É aquela que respeita as suas pessoas, cumpre o que promete e está disposta a evoluir.

Menos palco. Mais bastidor. Menos promessa. Mais prática.

No fim das contas, a reputação de uma empresa como empregador não se constrói com slogans. Constrói-se com coerência. Fonte

Sobre o Autor

Miguel Luís

Marketing & Employer Branding Director @The Key Talent

Fundador da Comunidade Employer Branding Portugal

Com mais de 20 anos de experiência profissional nas áreas de Gestão de Pessoas (Recursos Humanos) e Marketing/Comunicação, sou o que gosto de designar de Ma(RH)keter.

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